Em novo livro, Isabel Botelho propõe uma reflexão sobre a dança em Fortaleza

“Dança de Situação: Um Olhar para a Dança a partir das Políticas Públicas em Fortaleza”, traz alguns olhares e sentidos sobre a pesquisa em dança, entre conceitos, vivências e experimentações. De forma leve e, ao mesmo tempo, consistente, a obra da artista e pesquisadora Isabel Botelho, que traz ilustrações de Meg Banhos, propõe uma reflexão sobre a dança em Fortaleza, a partir da implementação do Colégio de Dança do Ceará.

Para isso, a escritora articula sua própria experiência com a fenomenologia existencial de Jean-Paul Sartre, tendo como princípio o conceito de ser-no-mundo, que Isabel chama em sua pesquisa de “ser-que-dança-no-mundo”. Além disso, ela aborda experiências vividas de quatro professores e bailarinos cearenses, Clarice Lima, Milton Paulo Nascimento, Gerson Moreno e Rosana Mara, que, no livro, são esses seres-que-dançam-no-mundo.    

“Por meio de entrevistas abertas, com duração livre, os quatro foram estimulados a contar suas experiências com a dança em geral, desde a infância até os dias de hoje, bem como suas memórias sobre seus acessos às políticas públicas, dentre outros tópicos. Durante as conversas, deixei que suas memórias aflorassem em associações próprias às suas histórias individuais, e somente em momentos-chave, relacionados ao objetivo da pesquisa, eu solicitava que fossem melhor detalhadas”

A autora também apresenta algumas propostas contextualizadas no campo das políticas públicas, com foco em arte e cultura, bem como em ações afirmativas de combate às discriminações de gênero, de etnia, de raça e de religião, ou de pessoas com deficiências físicas, visuais, auditivas e intelectuais, também aplicadas nas políticas culturais. E é justamente por meio de sua experiência vivida na dança e da escuta dos bailarinos entrevistados que, em seu livro, Isabel Botelho aborda a questão de como a ampliação do acesso à cultura e à arte favorece a construção de diversos novos projetos na área.  

“Busco discutir sobre como o entrelace das vivências em dança, oportunizadas por políticas públicas, expressas pelos sujeitos dançantes, associam-se à fenomenologia existencial sartreana. É pela vivência de Clarice, Milton, Gerson e Rosana que teço a discussão, na partilha de seus tempos, suas memórias, suas histórias, suas compreensões sobre a dança, a arte e a criação”

“Assim, construo meu campo de possíveis, me direcionando para a manutenção deste estudo teórico e prático acerca das possíveis pedagogias para a dança em que a estética da existência seja criativa, engajada, e com acesso assegurado como direito cultural”, finaliza. 

Ser na dança

Isabel Botelho vem dançando ao longo de toda a sua vida. Em suas memórias mais distantes, o movimento e a dança eram a sua forma de apresentação no mundo. Entre as danças compartilhadas escolheu trilhar profissionalmente esse caminho, por acreditar que essa era a melhor forma de interagir no mundo.

Na juventude, sua vivência foi permeada por projetos artísticos criados no Grupo Metade Inteira, na Companhia da Arte Andanças, no Colégio de Dança do Ceará e nas temporadas dos espetáculos dos quais participou. “Constituí-me como artista e pesquisadora da dança, nos circuitos artístico e acadêmico, ao estudar dança, movimento, educação, filosofia, psicologia e arte”, explica. 

A autora considera que este trabalho acadêmico é um dos movimentos realizados, entre outros, já realizados por ela anteriormente, na busca por contribuir para o estudo de uma pedagogia da dança e para as construções acerca das políticas públicas para as artes e para a cultura. Contudo, ela sabe que há ainda muitos outros movimentos a serem propostos e conduzidos, a fim de que essa contribuição seja cada vez mais relevante tanto no contexto acadêmico, quanto empírico na área da dança. 

O livro estará à venda no dia do lançamento na Casa Absurda, e já está disponível também nos sites da editora 7Letras e da Amazon.

+ A obra é a versão ampliada da dissertação do Curso de Mestrado que autora fez em Psicologia do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade de Fortaleza (Unifor) e contemplada no XII Edital de Incentivo às Artes e Lei Rouanet;

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