Durante 30 dias, um grupo de pesquisadores vai cruzar o oceano Atlântico e o mar Mediterrâneo para estudar a contaminação por microplásticos na água, sedimentos e organismos. Será uma das primeiras expedições que irá analisar desde o oceano profundo até a superfície. O Instituto de Ciências do Mar (LABOMAR) – mantido pela Universidade Federal do Ceará é a única instituição brasileira a participar dessa ação internacional inédita.
A expedição está integrada ao I-plastic, um consórcio multidisciplinar de pesquisadores de cinco instituições de pesquisa de quatro países (Brasil, Portugal, Espanha e Itália), e a UFC é a única instituição brasileira incluída nessa parceria. O LABOMAR-UFC participa do consórcio desde 2019 e conta com financiamento da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP).
A proposta do I-plastic é avaliar a dispersão e os impactos dos microplásticos nos oceanos tropicais e temperados, desde a interface regional continente-oceano até o oceano aberto, e os resultados dessa pesquisa servirão para elucidar as lacunas científicas que ainda existem acerca dessa problemática social e ambiental.
Marcelo Soares, docente do LABOMAR e coordenador brasileiro do I-plastic.
“Como pesquisador nascido no Ceará e parte da UFC fico feliz de poder participar e mostrar que nosso estado e a nossa universidade pública está na dianteira de pesquisas internacionais que visam ajudar a humanidade. Também me emociono em poder propiciar a participação de duas mestrandas, jovens pesquisadoras, que irão ter uma oportunidade única”, afirma Marcelo Soares.
Pelo LABOMAR, participam da pesquisa os docentes Marcelo de Oliveira Soares, Sergio Rossi, Rivelino Martins Cavalcante, Carlos Eduardo Peres Teixeira, Caroline Vieira Feitosa, Michael Viana e Emanuelle Rabelo; as pesquisadoras Bárbara Paiva e Tatiane Martins Garcia, bem como os doutorandos Oscar Duarte e Francisco Rafael; as mestrandas Ravena Santiago e Yasmin Barros e estudantes de iniciação científica.
“Para Ravena e Yasmin essa é uma experiência profissional incrível. As estudantes analisarão o impacto que a poluição marinha tem na saúde dos oceanos com o objetivo de determinar como pode ser alcançado pela UNESCO: um oceano limpo em que as fontes de poluição sejam identificadas e eliminadas”.
Maria Ozilea Menezes, diretora do LABOMAR,
+ O navio com os pesquisadores partiu nesta terça-feira de Salvador (BA), com chegada prevista em Cartagena, na Espanha, no dia 22 de maio. O trabalho será feito no navio de pesquisa RV Hespérides, operado pela Unidade de Tecnologia Marinha, órgão dependente do Conselho Superior de Pesquisa Científica (CSIC) da Espanha. A conclusão do I-plastics está prevista para 2023
Dados dão conta de que já existem atualmente 5 trilhões de pedaços de plásticos contaminantes em todas as regiões do mundo e isso se torna cada vez mais comum. Estimativas recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que o ser humano consome entre 74 e 121 mil partículas de microplásticos por ano, principalmente no açúcar, sal, água e bebidas engarrafadas, além de outras vias. Como se não bastasse, em 2020, foi detectada, pela primeira vez na história, a presença de microplásticos na placenta humana, e este ano, houve a detecção de microplásticos no pulmão humano.
O site do i-Plastic é https://i-plastic.net/
